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segunda-feira, 12 de junho de 2023
Causos do Taquaral anos 70
Nessa noite já estava recolhido e minha mente rebuscou um espaço na mocidade.
Lembrei-me do Zeca e Olguinha. Dois andarilhos que faziam ponto nas redondezas do armazém do Vilani, padaria do Sol e banca do seu Otávio, bem ali onde era o ponto final do bonde Taquaral 4.
Zeca e Olguinha formam uma bela dupla, principalmente após bebericarem umas garrafas de Tatuzinho.
Ele, altura mediana, magro por pouca comida e muita pinga. Cabelos com alguns fios brancos e ondulados, quando penteava era pra trás. Bigode grosso, que ajudava esconder a falta de alguns dentes, na primeira olhada lembrava um gaúcho. Sempre de calça Topeka e camisa de mangas compridas e sujas. Nos pés, frio ou calor, um chinelo de dedos com tiras pretas.
Ela, negra, cabelos até o pescoço e de vez em quando alguma coisa que queria lembrar rabo de cavalo. Olhos grandes, seios pequenos, tanajura, um vestido encardido que nem dava pra saber a cor.
De bar em bar passavam o dia. Quando a fogueira realçava dormiam à sombra do muro da CIAESA.
No bar ao lado da padaria, encima, subindo quatro lances de escadas, já havia sido de tudo, de salas de aulas do Adalberto Nascimento até risca faca. Do outro lado, na Armando Sales, era o bar da sinuca, bem na lateral traseira do Açúcar Perola. O casal também era conhecido na Nossa Senhora de Fátima no Bar Mori, pegado ao Abrigo de Menores, descendo a avenida era o Bar do Elefante.
Se juntavam, discutiam, amavam... mas, trabalhar... nada.
Depois que o Padre Milton Santana, preso várias vezes como comuna, colocava nos alto-falantes a Ave Maria, o casal se abastecia e ia pras carrocerias, terreno onde se depositava carrocerias de caminhões para conserto. Quem passava por ali lá pelas oito horas ouvia gemidos, murmúrios e risadas de Olguinha e seu amado Zéca.
Numa manhã de dezembro, antes do Natal, ele não apareceu. Olguinha foi encontrada na lagoa do Taquaral com o indefectível vestido encardido e agora sujo com sangue, perto dela uma faca que depois descobriram, foi roubada do açougueiro Lilico.
Zeca foi furado algumas vezes. Depois contaram que ficou com as tripas de fora.
Os, home da naca com o fusquinha preto e abóbora levaram Olguinha.
Ela nunca mais foi vista até essa noite quando do nada me lembrei de Zeca, que Deus o tenha, e Olguinha.
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